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Carta : A dinâmica das dinâmicas

A aprendizagem não se dá somente pelo desenvolvimento do raciocínio, mas igualmente pela emoção, pelo afeto, pela intuição, pela vontade, pelo simbólico. Como diz Rubem Alves: "Só aprendemos aquelas coisas que nos dão prazer e é a partir de sua vivência que surgem à disciplina e a vontade de aprender."

As dinâmicas podem ser usadas para diversos fins,com: quebra-gelo, introduzir algum estudo, ampliar ou iniciar novos relacionamentos, estudar traços de personalidades.

O bom resultado, consiste no fato de perecerem brincadeiras onde se cria um clima mais descontraído, facilitando o entrosamento do grupo.

A utilização de jogos vivencias ou dinâmicas como fator pedagógico é relativamente novo. Embora profissionais terapêuticos aplicassem as dinâmicas, estas tinham objetivos puramente clínicos. O Educador baiano João Enrico da Matta, hoje decano da UFBA foi o primeiro a fazer experiência na Bahia utilizando os jogos lúdicos como técnica pedagógica.

Outros profissionais baianos o imitaram, embora de forma ainda tímida apartir de 1990.

O desenvolvimento das técnicas de dinâmica teve melhor desenvolvimento através de profissionais de Belo Horizonte e Recife.

Enfim, as dinâmicas são um meio utilizado para que os grupos ampliem seu conhecimento pessoal; facilitem o relacionamento; expressem sentimentos; confrontem idéias; estimulem os pensamentos analógicos e associativos; incentivem a comunicação não verbal; busquem o consenso; solucionem conflitos; caracterizem os tipos de lideranças; explorem a riqueza de expressão grupal; despertem os sentimentos de solidariedade, de confiança mútua, os descobrimentos do outro, etc. No entanto, é preciso estar alerta no sentido de que as dinâmicas são uma ajuda, mas não bastam para solucionar os problemas do grupo, da organização e do ensino-aprendizagem

Como vivemos num mundo agitado de rápidas mudanças e valores, marcado pelo individualismo, torna-se fundamental que as técnicas de capacitação ultrapassem as formas velhas e autoritárias de relacionamento vividas pelo preletor e ouvinte. Isto só poderá acontecer através da experiência do outro, através da vivência grupal, num clima de liberdade, com relações sociais coletivas, democráticas, afetivas, de aceitação, de diálogo, de encontro, de comunicação, de comunhão, de partilha.

Qualquer atividade educativa, como reuniões, assembléias, cursos, etc., pressupõe a existência de um grupo. Neste sentido, a vivência, o jogo, o lúdico, viabilizado através de dinâmicas de grupos possibilitam o surgimento das condições propícias para a constituição do grupo e do ensino-aprendizagem. Este é o sentido da dinâmica de grupo, em qualquer atividade educativa.

As dinâmicas não devem ser aplicadas apenas para criar um modelo novo ou diferente de instrução. Devem ser aplicadas quando se busca estabelecer um espírito predisposto para aceitar a inovação como resposta à necessidade e ao desejo de se conhecer melhor e de criarem interação

Uma dinâmica, seja ela qual for, não representa uma "varinha mágica" capaz de educar pessoas e alterar comportamentos, mas é somente uma estratégia pedagógica válida na medida em que se insere num processo com objetivos claramente delineados.

O manuseio das dinâmicas não pode ser feito nem de forma aleatória nem por pessoas que não consigam identificar-lhes as limitações ou compreender toda a amplitude de seus objetivos.

O momento de fazer algumas propostas de dinâmicas é muito importante. É necessário existir um clima tal que propicie um grau de relaxamento e segurança suficiente para permitir as dinâmicas de exteriorização. A melhor maneira de garantir esta segurança aos participantes é deixar o mais claro possível quais os objetivos do jogo, da dinâmica e suas regras. Eliminamos assim a sensação de insegurança do tipo "O que será que vai acontecer?”, ou “onde estou pisando?”.



Deve-se também, respeitar a vontade dos participantes de participar ou não da atividade proposta. As dinâmicas de grupo devem ser percebidas como instrumentos que cumprem um papel de vivenciar o aprendizado, um dentre vários instrumentos necessários para o bom desenvolvimento de uma atividade de capacitação, e sua utilização não deve ser feita de forma indiscriminada.

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Na preparação de uma atividade educativa com uso de dinâmicas, alguns princípios devem ser levados em conta:

 Quais são as características do grupo: número de participantes, faixa etária, sexo, nível de integração.

 As condições operacionais: carga horária disponível, espaço físico, equipamentos e materiais de que pode dispor e outros.

 Ter consciência do conteúdo da atividade, ou seja, o tema que se pretende desenvolver, as etapas que vão percorrer nesse desenvolvimento, os objetivos existentes para cada uma delas.

 É fundamental que o facilitador já tenha vivenciado ou mesmo vivencie as dinâmicas antes de aplicá-las. A insegurança e comandos confusos geram dinâmicas confusas.

 Após a aplicação de cada dinâmica, é preciso tempo para que os participantes socializem as emoções, sentimentos, dificuldades e descobertas. Não cabe ao facilitador expressar nenhum juízo de valor.

 Ao facilitador cabe ainda o papel de acompanhar a realização da dinâmica, explicá-la e propiciar o momento de reflexão do grupo auxiliando na sistematização dessa vivência.

 Visando um melhor rendimento e a participação de todos, sempre que possível, dê preferência pelo círculo nos trabalhos em grupo.

 Uma preocupação constante é quanto ao tempo a ser gasto para cada dinâmica. O importante não é o tempo, mas o objetivo a ser atingido na reunião.



Deve-se considerar na estrutura do planejamento três momentos específicos:

a) Introdução- momento para a apresentação, motivação e integração. É aconselhável que sejam utilizadas dinâmicas rápidas, de curta duração.

b) Desenvolvimento - quando será proposto o tema/ conteúdo principal da atividade. Devem ser utilizadas dinâmicas que facilitem a reflexão e o aprofundamento; são, geralmente, mais demoradas.

c) Conclusão - o momento da síntese final, das despedidas, da avaliação. Estas dinâmicas permitem atitudes avaliativas e de reflexão.

Para o trabalho com dinâmica ter um desenvolvimento pleno, é recomendável que os grupos tenham, no máximo, trinta participantes. Isto porém não impossibilita que se faça o uso dessa metodologia educacional em grupos maiores, em congressos, em seminários, e outros.

Orientamos que nestes casos o coordenador divida a plenária em subgrupos para o desenvolvimento dos trabalhos e reúna o grupão nos momentos de socialização e de síntese.

Outros recursos que podem ser utilizados em grupos grandes são o retroprojetor, vídeo, exposições dialogadas, além de técnicas de teatro, sociodramas e cartazes.

Pr. Ossionio Ferraz de Oliveira

Colaborador: Pr. Ossionio Ferraz de Oliveira