RESENHA CRÍTICA
CAMPOS, Fagner Alfredo A.C
1.Bibliografia:
DREHER, Martin N. A crise e a Renovação da Igreja no período da Reforma. Coleção Histórica da Igreja, v. 3. São Leopoldo: Sinodal, 1992.
2.Credenciais do autor:
Martin Norberto Dreher possui graduação em Teologia pela Escola Superior de Teologia e doutorado em Teologia Com Concentração Em História da Igreja, pela Ludwig Maximilian Universität München (1975). Atualmente é professor titular da Universidade do Vale do Rio dos Sinos. Tem experiência na área de História, com ênfase em História da América. Atuando principalmente nos seguintes temas: teologia histórica, Luteranismo, Protestantismo, Brasil.
3. Resumo:
A Reforma não pode ser explicada a partir de um único acontecimento ou a partir de uma única pessoa, [não iniciou com a divulgação das 95 teses de Lutero em 31 de outubro de 1517. Muitos antes [...] haviam sido difundidas idéias, despertados sentimentos que provocaram e possibilitaram o conflito com a Igreja de então. [...] Ao não observar as maiores necessidades religiosas das pessoas, ao não verificar a emancipação dos crentes em questões de fé e a ao não substituir as estruturas entrementes arcaicas da Idade Média, a Igreja criou as condições e os pressupostos para o clamor por uma Reforma. [Neste contexto histórico de crise religiosa suje um eximo reformador que questionou a autoridade Papal de seu tempo] Martin Luder (ou Ludher) nasceu em 10 de novembro de 1483, em Eisleben, e foi batizado no dia seguinte, recebendo o nome do santo do dia. O sobrenome só foi alterado quando da descoberta da justificação por graça e fé. Ao ingressar na Universidade de Erfut, o registro acadêmico lhe deu o sobrenome Luder. Seu pai, Hans, era filho de agricultores e natural de Möhra, na Turíngia. Sua mãe, Margaretha, nascida Ziegler, provinha de círculos burgueses. [...] ficou muito impressionado com o que viu em Roma, visitando templos, catacumbas e santuários, peregrinou pelas sete igrejas principais da cidade santa, nelas obtendo a indulgência anunciada. [...] Desde 22 de outubro de 1512 até o final de sua vida, Lutero foi professor de bíblia, um exegeta, portanto, na Faculdade de Teologia da Universidade de Wittenberg. [...] as 95 teses de 1517 e a experiência da descoberta da justificação por graça e fé. [...] Com a publicação das 95 teses, Lutero não pretendia nada mais do que o esclarecimento teológico de uma questão que o envolvia como [...] a indulgência. [...] As indulgências tinham destacado importância sob o aspecto financeiro. A cúria e o Estado papal dependiam em grande parte das rendas ao auferidas com a venda delas. Muitos projetos eram financiados com a publicação de indulgências [...] Pode-se afirmar que elas tiveram a mesma função que, mais tarde, tiveram os empréstimos. Para os fiéis, a indulgência era uma oportunidade para se protegerem do purgatório e do juízo eterno. Aqui, o desejo de salvação encontrado entre o povo vem ao encontro das necessidades financeiras da Cúria. [...] Lutero não excluiu toda e qualquer forma de indulgência; limitou-a, no entanto, às penas temporais impostas pela igreja e voltou-se contra a falsa segurança provocada pela indulgência [...] Nota-se o conceito de penitência, que, para Lutero, não é um sacramento, mas arrependimento, segundo o uso do conceito no Novo Testamento [...] a experiência da descoberta da justificação por graça e fé. [...] lhe proporcionara compreensão totalmente nova do evangelho que lhe esclarecera a justiça de Deus. Tal descoberta significou para ele, assim o relatou em 1545, um novo nascimento e abertura das portas do paraíso. Essa descoberta é a constatação de que a justiça de Deus na epístola de Paulo aos Romanos (1:17) não se refere à justiça, segundo a qual Deus é justo em si mesmo e que, por isso, castiga ou tem que castigar os pecadores. Na Escritura, [segundo] Lutero [:] a justiça de Deus é aquela com a qual agracia o pecador, na fé. Na justiça de Deus, da qual fala o evangelho, não se revela o Deus que castiga, mas o Deus misericordioso, que nos concede sua justiça, sem mérito nosso; dela participamos crendo [...] Nem mesmo a Lei Divina torna o ser humano justo. O mesmo vale para as obras que brotam ao natural do ser humano. Também as melhores obras humanas são pecados diante de Deus, mesmo que do ponto de vista humano não constituam crimes. [...] O ser humano que vive da lei, da obra e da sua liberdade poderia imaginar que lei, obra e liberdade fossem eliminadas pelo “niilismo” luterano. Para negar essa possibilidade, a Lutero afirma que a lei provoca a ira de Deus, mas não é má. O que torna a lei má é o abuso da parte do ser humano (tese 24). A fé em Cristo, porém cria a justiça das obras [e] A lei aponta para um futuro sem perspectiva, a fé vive daquilo que já aconteceu em Cristo com isso, nossas obras já não são nossas, mas Cristo que opera sua obra em nós por nosso intermédio, [...] Maximiliano, Leão X publicou, em 23 de agosto de 1518, um breve dirigido a Caetano, segundo o qual esse deveria convocar Lutero, na qualidade de herege, para que se retratasse. Caso não o fizesse, Lutero deveria ser preso e enviado a Roma. Se isso não fosse possível, deveria ser excomungado, juntamente com seus seguidores. O príncipe-eleitor Frederico, o Sábio, da Saxônia, conseguiu que Caetano garantisse o retorno de Lutero a Wittenberg – ele não queria perder entrementes seu mais famoso professor [...] Em Roma havia dois aspectos a serem decididos: eliminar a confusão preparada por Lutero e conquistar o voto de Frederico, o Sábio, para a sucessão de Maximiliano. [...] Frederico buscou convencer o papa de que o processo contra Lutero fosse decidido na Alemanha. A Cúria, em contrapartida, desejava obter o voto do eleitor contra Carlos da Espanha e a favor de Francisco I, da França. [...] Cada vez mais, Lutero foi sendo visto como representante da nação alemã. A imprensa não cansava de reimprimir seus escritos, que eram divulgados em diversos países. [...] O processo contra Lutero foi reiniciado em 1520. Em 28 de junho de 1519, Carlos da Espanha havia sido eleito imperador alemão [...] passando a ser chamado de Carlos V. Aquela eleição, totalmente do desagrado da Cúria, pôs fim às reservas romanas. Em 15 de julho de 1520 foi publicada a bula Exsurge Domine, que caracterizava 41 afirmações de Lutero como sendo “heréticas, escandalosas, falsas, ofensivas a ouvidos piedosos, sedutoras para mentes simples e contrárias à doutrina católica. [...] A reação de Roma foi imediata, em 03 de janeiro de 1521, Lutero era excomungado com a bula Decet Romanun Pontificem. [...] Lutero foi convocado por Carlo V a se fazer presente na Dieta de Worms, onde chegou em 16 de abril de 1521, com salvo-conduto imperial. [...] sendo confrontado com a exigência de negar seus ensinamentos. Lutero solicitou, então, tempo para a reflexão, mas em 18 de abril negou retratar-se, a não ser que fosse convencido pela Sagrada Escritura e por argumentos racionais. Estava preso à palavra de Deus. Em 25 de abril, Carlos V comunicou a Lutero que agiria contra ele. No dia seguinte, o monge agostiniano deixou Worms. No caminho, em 04 de maio, sua carruagem foi assaltada por ordem de Frederico, o sábio; o próprio Lutero foi levado a Wartburgo, onde permaneceu como “cavalheiro Jorge”. No dia 26 de maio de 1521, Carlos V assinou o edito de Worms. Lutero estava proscrito. [...] A ordem era prender Lutero e seus adeptos. Proibiu-se a divulgação de suas obras. Todos os livros que doravante fossem publicados em língua alemã deveriam ser submetidos à censura prévia dos bispos; [...] o Edito de Worms nos apresenta um dos traços mais característicos da Contra-reforma, que é o controle eclesiástico sobre a vida intelectual e religiosa. [...] Carlos V teve que deixar a Alemanha. Seu retorno ocorreu apenas no ano de 1530. [...] confrontou-se com um movimento que abrangia três quartas partes da Alemanha [...] como precisava do auxílio dos estatamentos alemães para suas guerras, nada foi feito contra Lutero nos nove anos que esteve ausente da Alemanha (Carlos V). [...] O tempo de solidão em Wastburgo foi um período difícil para o professor, sacerdote e prior, acostumado a uma atividade incessante. Houve intensa troca de correspondência com os colegas de Wittemberg [...] Lutero se dedicou ao estudo do grego e do hebraico, escreveu contra o papa, sobre a confissão auricular e revidou ataques das faculdades de Teologia de Paris e de Louvaina. [...] Sua mais importante obra, porém, foi a tradução do Novo Testamento. Nesse trabalho usou o texto grego preparado por Erasmo. Aqui se evidenciou sua maestria lingüística. A tradução do Antigo Testamento só foi concluída em 1534. Trata-se de um trabalho em equipe. A elaboração de um livro de sermões encerrou a produção literária em Wartbugo. [...] Nos anos de 1522 e 1523, os movimentos sociais começaram a ver em Lutero um possível aliado. Primeiro a decadente cavalaria buscou seu auxílio, depois os camponeses. [...] O próprio Lutero, pouco ou quase nada pôde intervir em seu curso. [A] Reforma seria doravante possibilidade para os príncipes ou cidades ampliarem ou consolidarem seus poderes e posições. [...] Casou em 03 de junho de 1525, com Katharina Von Bora, uma ex-monja da ordem de Cistér. Dessa união nasceram 06 crianças. [...] A temática do Deus que justifica seres humanos, que os busca desesperadamente apesar de todas as reações contrárias dos mesmos seres humanos, esteve presente em Lutero até o final de sua via. Foi com essa certeza que ele morreu em 18 de fevereiro de 1546, em Eisleben, sua cidade natal, [...] Seu sepultamento aconteceu no Castelo de Wittenberg.
4.Análise:
Martinho Lutero foi o homem que trouxe a luz ao mundo das Trevas porque contribuiu para acentuar a passagem da idade Média para a Moderna. Muitas vezes tem-se a visão bem enraizada, na mente da humanidade, de que ele foi um ser inatingível. Uma pessoa com qualidades e características incompreensíveis para sua época, assim como Paulo, Moisés, Jó e Elias dos tempos bíblicos. Todavia deve-se ressaltar que ele foi um ser que sofreu influencias dos processos sociais, históricos, econômico e cultural de sua época. Foi muito corajoso, pois nesse período em que viveu os homens não tinham o livre arbítrio e indo contra essa “lei” criticou as incoerências apresentadas pela Igreja Católica Apostólica Romana.
Lutero não se deteve apenas aos saberes e instruções lhes outorgados no mosteiro, buscou novos horizontes: retornou aos ensinamentos bíblicos. Nesse sentido, passou a questionar a autoridade do Papa. Mesmo sabendo que poderia ser excomungado e queimado, vale salientar que o poder Papal estava atrelado ao poder do estado. Criticar a forma de governo do imperador e a corrupção, luxúria e desinteresse em salvar almas, demonstrada pelo o clero eram inadmissíveis e caso de punição severa. Para as ocorrências que colocassem em xeque os poderes desses dois, havia um tribunal chamado de Santa Inquisição, onde os infratores eram julgados e condenados, se não retratassem.
A igreja era a detentora do saber e da cultura, ela que manteve esse monopólio durante séculos e tinha a função de transmiti-los. Por sua proteção e cuidados muitos documentos, livros (principalmente os gregos como os de Aristóteles, vistos como literatura superior às demais, muitas vezes colocada acima da Bíblia) não teriam sido conservados. Devido a esse fator suas abadias eram repletas de conhecimentos acessíveis apenas a uma minoria, inclusive a Palavra de Deus, a qual era considerada complexa demais, obscura e de difícil compreensão até pelos teólogos, imagine para os leigos. Esse objeto sagrado muitas vezes se encontrava acorrentado como se conotasse o medo, por parte deles, de se abrir os olhos dos que a lessem.
Foi nesse livro que o sábio Martim encontrou esperança e alento para a sua alma. Nela viu um Deus amoroso e misericordioso. E quando alguém é contagiado pela verdade divina não se limita a ele próprio, quer que outros sintam essa paz de espírito e regozijo no senhor. Quando fez sua primeira viagem a Roma chegou ao frustrante fato: “Ninguém pode imaginar, que pecados e ações infames se cometem em Roma [...] ‘Se há inferno Roma está sobre ele’.” (WHITE, 1999, p.77) Esse lugar estava corrompido por pérfidas iniqüidades e cheios de escândalos que arruinavam cada dia a reputação da igreja. Existiam prostíbulos só para padres...
Ainda em Roma quando Lutero subia as Escadas de Pilatos, ajoelhado, parecia ouvir uma voz soada como o som do trovão a frase que Lutero defenderia por muitos anos: “O justo viverá por fé”. Rom. 1:17 (WHITE, 1999, p.77) Começou expor que nada, a não ser o arrependimento genuíno para com Deus e a fé em Cristo poderia salvar o pecador. A graça e o amor de Jesus são ilimitados, não pode ser adquirida por dinheiro ou posse material, mas pelo precioso sangue do Messias vertido na cruz do calvário. Provavelmente como monge aconselhava, a partir de agora o seu rebanho em Cristo a não comprar indulgências; mas a olharem para o salvador: meigo e carregado de compaixão. Talvez relatasse a sua própria experiência: buscou por si mesmo a justificação de seus pecados, só encontrou nos méritos do Filho de Deus. Escreveu as seguintes palavras: “pois o justo não vive por causa de seu preparo, mais por causa da fé”. (WA 2,14 apud DREHER, 1992, p.42). Enquanto o poder dominante apelava para os costumes e tradições, ele dizia que a Bíblia era a única base e certeza do cristão, um livro imutável.
As indulgências eram um perdão divino (um pedacinho do céu adquirido aqui) concedido pelo o “Santo Padre”, que alegava ter o poder de remissão – tomando o posto de Jesus. Qualquer indivíduo que a comprasse e mais tarde quisesse cometer alguma falta, pecado, estaria perdoado. Não necessitava a contrição de coração. Essa salvação possuída, dessa forma, era muito fácil porque não exigia esforços para resistir à tentação, fé e humildade. Havia relíquias espalhadas por toda Alemanha, as quais só pelo o olhar diminuíam os anos no purgatório – segundo a Igreja Católica. As indulgências eram um rio de dinheiro para o tesouro das autoridades Romanas, propiciando e mantendo em grande luxo os chefes papais. Ensinar o povo a buscar apenas a Cristo era perder o poder e essa “mina de ouro”.
A Palavra de Deus: “evangelho, porém, nada mais é que uma pregação e gritaria a respeito da graça e da misericórdia de Deus, conseguida e adquirida pelo senhor Jesus Cristo com sua morte [...] e que é gritada publicamente para que seja ouvida em toda parte”. (WA 12, 259 apud DHERER, 1992, p.45). Na concepção de Lutero, Jesus era o centro e autor da Bíblia, o verbo, o único conteúdo vivo da palavra do Senhor.
A Bíblia foi como uma espada de dois gumes: abria caminho para o coração do povo. Eram seres falhos que a liam, porém há apenas uma interpretação certa e coerente, ela não é um livro obscuro – como afirmava Erasmo – entretanto é clara e pura de compreensão, pois o Espírito Santo capacita o seu leitor com sabedoria, se ele buscar com sincera submissão. Ela torna-o como disse Davi: “sábio, o simples”. Será que não foi proibida para subjugar o povo? Havia pouquíssimas versões em outras línguas – as consideradas profanas por não estarem em latim – se fossem pelo menos em línguas dos originais... Parece óbvio sugerir-se que a Igreja não queria que a grande massa soubesse que muitas de suas doutrinas estão baseadas em livros e concílios que sempre se equivocaram.
Quando Martim Lutero foi convocado para o julgamento final em Worms, foi encurralado: renegaria sua teoria e se salvaria ou a defenderia e morreria? Possuía um Salvo-conduto cedido por Carlos V, porém não seria muito útil ao se lembrar de João Huss que também o tinha e foi queimado. A Igreja tinha muita influência e cogitava reis e imperadores.
O monge estava diante de poderosas autoridades e deveria responder as perguntas do oficial imperial, se ele era o autor dos livros expostos na mesa e se retrataria. A primeira pergunta foi respondida, restava o mais implicante. Sua vida estava em jogo, só Deus sabe o que se passou na mente dele durante esse período. Ao pedir tempo para respondê-la demonstrou indiretamente aos presentes que não agia por paixão e impulso, mas com raciocínio. Já pensou o que teria acontecido se ele tivesse negado suas proposições? Se não fosse corajoso? Talvez a reforma só viesse depois de alguns séculos. Sua resposta foi convicta, abandoná-las-ia apenas se comprovasse que estava em desacordo com As Escrituras. O mundo precisa de homens como Lutero: firme, correto e decidido. E que nunca se vendem pela concupiscência e posses dessa Terra iníqua.
Depois disso Lutero é levado para Wattburg, em breve o seu Documento expiraria. A Igreja já obrigara o Imperador a promulgar um edito contra ele, proibindo as pessoas de ajudá-lo quando o prazo do salvo-conduto terminasse, e deveriam entregá-lo às autoridades. Saiu de cena por um bom tempo, era como se Deus quisesse mostrar ao povo que apesar de Martim ter anunciado a autêntica verdade, Ele era o centro. Agora sem esse “líder” são chamados a olharem e se espelharem em Jesus.
A justificação pela a fé, “pois somente a fé na palavra de Cristo justifica, vivifica, dignifica e torna apto, e sem ele qualquer outro esforço é tão somente sinal de presunção ou preparo...” (WA 2,14 apud DHERER, 1992, p.43). Baseado nessa citação pode-se aferir que o ser humano não pode alcançar justiça própria perante Deus, pois ele não tem virtudes que lhe dê a salvação. Por isso ele necessita se submeter à justiça do Senhor. Essa graça não é obtida por meios penosos e fatigantes lida, e nunca será comprada. É gratuita fornecida a todos que sentes a carência de Cristo.
O cristão deve deixar Deus agir: Permitir que Ele seja Deus na sua vida. Precisa aceitar Jesus como substituto e fiador. Existe algo que necessita ficar claro: Justificação é a obra de Deus em nós. No evangelho não há a frase “faça-o”, mas a conclusão: “está feito”. É “acreditar” e não “realizar”. Lembre-se: não precisa ser “bom” para ser “salvo” e sim ser “salvo” para ser “bom”: ninguém se salvará pela a “fé” e “as obras”, mas pela a “fé” que produz boas obras.
No íntimo humano surge a indagação: “Será que a fé anula a lei?” Tiago 2:20 responde a pergunta: “a fé sem as obras é morta”, infrutífera. Há uma relação simbiótica entre essas duas palavras, uma complementa a outra. Logo, alguém poderá concluir que a lei é isenta da guarda, é como se fosse passado uma borracha em sua função. I Timóteo 1:8 e Romanos 3:21 deixam explícito o objetivo dela: Mostrar (apontar) o pecado com o intuito de que a pessoa se volte a Deus e peça perdão (serve como um espelho que mostra se o seu rosto está limpo ou sujo). Nunca o senhor quis que a observância d’Os Dez mandamentos produzisse o legalismo entre seus filhos ou equívoco da salvação por conta própria. Ele sempre instou em que a observância de seus preceitos fosse o resultado do temor reverente e amor brotante do coração (Deuteronômio 6:5 e 25 e 11:01, Mateus 25: 35 e 40 expressa bem esse intuito). Desta maneira, a lei funciona como meio pedagógico de levar o pecador aos pés de Cristo. “Sem a lei, os homens não possuem verdadeira convicção do pecado e não sentem a necessidade de arrependimento”. (WHITE, 1992, p.278). Lutero condenou a luxuria da Igreja, mas por outro lado se ligou a futura aristocracia alemã, a burguesia. Visto que os Junkers prussianos (a parte agrária) apoiaram sempre a Igreja Católica.
A obra deve ser indicada aos estudantes de graduação, no entanto para que haja uma maior compreensão histórica do processo vivenciado por Lutero necessita recolher-se a outras fontes que trazem um maior detalhamento do assunto em questão: Reforma protestante na Alemanha, onde o leitor terá a chance de se situar melhor no contexto. Recomendo o livro “O grande Conflito”, onde Ellen White faz uma explanação resumida da reforma em seus quinzes primeiros capítulos.
4. Credenciais do resenhista:
Fagner Alfredo Ardisson Cirino Campos, acadêmico do primeiro período da graduação de enfermagem do Centro Universitário Luterano de Ji-Paraná-Ro.
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