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Peça : Volte enquanto há tempo

VOLTE ENQUANTO HÁ TEMPO

AUTOR: FAGNER ALFREDO ARDISSON CIRINO CAMPOS

PERSONAGENS

Débora Ravenscrof, acadêmica de psicologia.

Elizabeth Ravenscrof, mãe de Débora.

Eduardo Ravenscrof, pai de Débora e esposo de Elizabeth.

Franklin Ravenscrof, irmão de Débora.

Raquel, melhor amiga de Débora, depois de adolescente se torna uma fumante compulsiva.

Patrícia, amiga de Débora.

Betty, amiga de Débora e adventista do Sétimo Dia.

Jim, amigo de Débora da faculdade, sem religião.

Plínio, amigo da faculdade de Débora e agnóstico.

Bernardo, amigo da faculdade de Débora e ateu.

Rafael, ex-adventista e “ficante” de Betty.

Roberto, amigo da faculdade e Adventista do Sétimo Dia.

Danilo, amigo de infância de Débora e esteve preso durante cinco anos por tráfico de drogas, torna-se seu namorado.

Kemmuel, Rodrigo e Jack, dependentes químicos e amigos de Danilo.

David, escrivão da corte celestial e anjo da guarda de Débora

FIGURANTES

Jovens adventistas que visitam Débora, Garçom e enfermeiros ou enfermeiras, médico e colega.

Ato Primeiro – Cena I

Cenário: Na mansão dos Ravenscroft’s

(David está ali, também, assistindo a tudo, mais o anjo relator.)

Elizabeth –(Com a voz ríspida) Você não irá neste “Show”!... Minha filha!... Me esculte... (Começa a chorar), Você tá matando o seu pai de desgosto. Durante várias noites o escuto ora chorando e orando pelos quanto da casa, seu sono está cada vez mais debilitado, (faz uma pausa) e seu coração quebrantado. Se ele continuar assim não subsistirá... (Chora alta e vai abraçar a filha).

Débora – (Olha a com olhar furtivo e sem comoção) Da licença! (empurra a sua mãe) Estou cansada de vocês... Sempre sendo uma pedra num meu caminho... Odeio vocês dois! Não queria que fossem meus pais! Sempre com esse papo pérfido de religião: “isso não é um bom testemunho de uma moça cristã!... O sábado e o dia do senhor e não devemos a fazer os nossos interesses!... Essa sua atitude está o profanando!...” (Respira fundo e grita) os pais da Raquel são compreensíveis! Eles não se entrometem na vida dela. (Começa a chorar) não pedi para nascer adventista...

Elizabeth - (Procurando controle e seriedade) minha filha agradeça a Deus por ter sido criada aos pés de Jesus e instruída na Bíblia, você recebeu uma luz que tantos a queriam! E agora a despreza?! Deus não te tomará por inocente, se não mudar de caminho... (Perde o controle e chora profundamente)... Somos adventistas do Sétimo Dia de quatros gerações, todos, fiéis a Deus e agora você rompem assim! Isso muito para mim! Meu espírito está em aflição, vejo você perdida na Manhã Gloriosa! E não suporto a grande dor! (senta a mesa e chega o pai dela).

Eduardo- (Abre a porta rapidamente e bravo fala) Que barulho é esse! Já podia imaginar... Débora e sua rebeldia... (Débora um pouco atemorizada se dirige para sair, seu pai a segura pelo o braço) Aonde vai mocinha?! (Joga-a no chão) Vá pro seu quarto agora você não sairá dessa casa! Ainda sou dono dela! Exijo enquanto você tiver morando aqui que me respeite!... Basta minha filha, lhe proporcionei dum bem e dum melhor, casa boa, faculdade uma vida de bonança e me retribui dessa forma?!.

Débora- (Levantando-se) Não vou ao meu quarto! Vou sim no “Show” do “The Police”! Nada nesse mundo me impedirá... Nem você!. (dar os primeiros passos).

Eduardo- (Com voz áspera) se você sair dessa porta não precisa voltar mais... (Grita) Não precisa voltar mais! No mundo você verá como a vida é dura, e a escola da vida te ensinará a viver... Quero ver quem vai pagar sua faculdade?... Roupas?... E as necessidades Básicas?... Filhas essas suas amizades são hediondas e pessoas de má índole. Você sabe que seu anjo da guarda não te acompanha nesses lugares sórdidos; e você está à mercê nas garras de Satanás. Filha volte para o Senhor enquanto a tempo... (algumas lágrimas rolam pelo o seu rosto).

Débora- (Sarcástica) Papai! Não vou voltar mesmo! (ri malvadamente) Danilo me chamou para morar com ele em seu apartamento! Nunca mais terei de vê-los! Nunca! E esqueça que já tiveram uma filha!...

Eduardo- (espantado) Você vai morar com aquele delinqüente! Tantos planos que fiz para você...

Débora- As pessoas mudam... Ele não é um delinqüente e eu o amo desde criança!

(Sai, sua mãe abraça-a desesperada e clama para ela não fazer isso; desconsidera o abraço da mãe, seu pai a segura pelo o braço e fica alguns minutos a olhando firme em seus olhos e solta-a)

Cena II

(Patrícia encontra Débora no Portão. David acompanha-as taciturnamente, a certa distância e pára.).

Patrícia- (Melodramática) Hein! (passa a mão em sua cabeça e abraça-a) Pô, cara! O que aconteceu?! Não chore vamos para minha casa.

Débora- (chorando com um tom melancólico) E o “show”! Não posso perdê-lo!...

Patrícia- Não perderemos! (sorri) Mas antes devemos retocar essa maquilagem borrada e passar um batom nesses lábios carnudos... Não, pare de chorar! Passou. (Desabraçam). Agora me conta o que aconteceu?

Débora- Brigamos de novo, eu e meus pais. Mais dessa vez basta é passado... Quero esquecer tudo e viver meu amor com o Danilo...

Patrícia- Por causa da caretice de religião... Eles são fanáticos mermo!

Débora- E como são! Acabo de concluir que religião é relativo, tudo é relativo e a vida é tão passageira e se não aproveitarmos...

Patrícia- cara, você aceitou de morar com ele, ele deve tá felizaço!... você não vai se arrepender! Ele é um máximo! Um gato! E eu já te falei que ele é amaradão em você!... Mas hoje só quero pensar no “The Police”! (Grita histérica) Aaaahhhh!!! Cara! “The Police”!

Débora- Já passou! Não sou de ficar remoendo o passado tenebroso... Sim esse será o melhor “show” de minha vida! Vamos curtir à beça e fazer tudo o que querermos! Uma grande folia. Vamos aproveitar a vida! Todos de nossas idades devem fazer o mesmo... Deus quer sejamos felizes e estou feliz e isso é felicidade. E aquele cara do “The Police” o Stewart! Sou amarrada por ele, aquele cabelo loiro e é um bom baterista...

(Ambas enérgicas gritam juntas, com as mãos seguradas e balançando as cabeças: Uau! Aaaah! “Thhe Poliiiiceee”! “Thheee Poolíceeee!”).

(Ambas sai de cena, menos o anjo.)

Cena III

(David conversa com o anjo relator, o qual fecha abruptamente o livro que carrega.).

Anjo relator- Tenho que subir aos céus, e levar os relatos ao Tribunal Divino... Sinto muito!... (Olha furtivo para David) tenho que relatar tudo, não posso omitir nenhum pérfido pecado e ato sem amor... Mesmo que quisesse!... Tenho muita pena dos seres humanos, desde momento em que recusaram a obedecer a Deus sofrem drasticamente... Tudo isso por causa de o anjo rebelde que, (pausa na fala) armou aquela sublevação a qual fez a maior revolução nos céus, onde questionava a autoridade divina, como uma criatura poderia reclamar o trono do criador?Só uma mente demoníaca! Ah! Que alivio de isso já ter passado, foi um período muito hostil, você lembra?... Havia fofocas entre os anjos e elas na maioria das vezes ultrajavam o Filho de Deus. Mas a solução para essa desgraça já estava planejada e foi concretizada em Cristo, que já venceu e derramou seu sangue inocente, só sofrimento acarretou o pecado; como me angustiou ao ver o meu Senhor ser humilhado! E sofrer nas mãos de pecadores malvados! Meu desejo era vim em seu socorro e livrá-lo e se possível morrer por ele... Mas tínhamos ordens restritas de ficarmos no céu. Satanás, como qualquer um de nós, nunca imaginaria que tal sacrifício seria feito por Suas criaturas decaídas; as quais mereciam a morte eterna, tudo por que Ele os ama sinceramente.

David- Ela anda tão atordoada, pobrezinha... Os prazeres da vida são considerados, nesse momento, muito importantes e ela não os ver como efêmeros, passageiros, transitórios. (Suspira) Ah! Se ela enxergasse como as suas veredas estão conduzido-a a perdição! Temo que o Espírito de Deus não consiga convencê-la o mais rápido possível do pecado e do Juízo vindouro, porque até agora ela não quer escutá-lo e ignora-o. Já está difícil para eu poder protegê-la, Satanás envia constantemente suas hostes para cercá-la... E os lugares que ela constantemente anda, não sou permitido caminhar... Como minha alma está aflita! Graças a Adonai que seus pais intercedem constantemente por ela em oração... E Deus permite-me que eu transpasse a barreira inimiga, mas ela é livre- lembra de Israel?(dirige-se ao público) Uma ora ela ficará lançada a sorte do inimigo. Esse se puder, vai destruí-la sem a maior clemência e não desperdiçará a oportunidade, oro diariamente para que isso não aconteça. (o anjo relatou continua olhando) Se ela pudesse ver como nos, os seres celestiais vêem, veria como o reino de Satanás é horripilante e terrível. Veria o quanto Jesus sofre pela a sua atitude e quantas lágrimas seus pais já verteram por ela. Não posso imaginá-la eternamente perdida!... Quero poder pegá-la e abraçá-la profundamente quando Jesus voltar... E mostrar como o céu é maravilhoso... Que essa felicidade que busca não se compara com ele. Quero voar carregando-a pelas as mãos pelo o universo criado por Deus e responder todas as suas inquirições, dizer tantas vezes que eu a protegi e livrei a dos perigos... Seria uma conversa maravilhosa, como sempre esperei. Ela faz parte da minha vida, lembro que esperei mais de 2000 mil anos para ser seu anjo da guarda e desde já a acompanho desde sua fecundação até agora. Lembro quando ela disse suas primeiras palavras (chora emocionado), quando cantava na igreja, ah! Que voz maravilhosa e quando fez sua primeira oração, não suportei chorei de emoção... Compartilhei os seus sofrimentos! E sempre junto dela, ao seu lado, sofri! Na vez em que brigaram com ela na escola... E aquela em que ela ficou tão nervosa no seu primeiro sermão... Certos insensíveis riram dela... Mais Deus se agradou muitíssimo e foi um dos melhores sermões que ele ouviu, pois foi sincero e de coração. Minhas asas a envolveu até aqui e se pudesse a envolveria para sempre...

Anjo relator- Vamos, já é quase sábado e precisamos louvar a Deus no seu santo templo.



(Os dois saem de cena)

Cena IV

(Os pais e relembram o nascimento de Débora)

Elizabeth- Amor! Nosso bebê nos abandonou! (chora).

Eduardo- (Fala triste) Lembra o quanto oramos pedido a Deus um filho... Quantos anos?...Seis longos anos, o Senhor nos concedeu essa dádiva preciosa que nos trouxe tanta alegria. (eles se abraçam).

Elizabeth- Como foi maravilhoso! Aquele dia em que a segurei bem rente aos seios e pude contemplar aquele rostinho, tão pequenino, tão meiguinho, seus olhos eram como o céu: puro e cristalino. Minha vontade era abraçá-la bem forte e nunca a soltar, era tão indefesa... Necessitava de nossa proteção. Era o milagre da vida, que Deus lhe tinha outorgado para nós cuidarmos e parece que falhamos (limpa as lágrimas de seu rosto). Doei todo o meu amor a ela, desde cedo falei do amor de Jesus, contei lhe histórias Bíblicas, como ela ria no momento que você caía imitando Golias? É impossível de apagar da memória...

Eduardo- Ela amava ir para escola sabatina e era muito sabida. Respondia com convicção todas as perguntas da professora. Era nossa alegria e diariamente apresentávamo-la durante a manhã e as tarde aos pés de Deus. Para que ele a abençoasse... Cresceu rápido de mais, oh tempo que não volta mais... Continua sempre a correr... E quando a vir cantar docilmente na igreja? Fiquei muito feliz e agradeci a Deus por esse momento e pedi que durasse muito. Era ativa na Igreja, a cada reunião estava presente, queria fazer tudo e muitas vezes devido nossa ignorância e falta de visão até brigávamos com a pobrezinha dizendo que ela ficava muito na igreja... Irônico, não é? Durante a sua adolescência brigávamos para ela ir nela!....

Elizabeth- Ah! Não gosto nem de relembrar esses tempos conturbados de sua adolescência, parecia que o templo era um lugar desagradável, meu coração se torturava, tinha medo de ela não querer mais ir a Igreja e só ir porque mandávamos: Perder a vontade de servi a Deus. Não entendia o porquê de não sentir mais prazer em ler a Bíblia, preferia os romances da Aghata Christie e quando Brown lançou os ignóbeis livros: Código Da Vince e Anjos e Demônios chegou até nos dizer que a Bíblia não era inspirada e inverossímil.

Eduardo- Mais o pior aconteceu quando ela abandonou de vez a igreja... Foi indo alguns sábado, outros domingos e depois nem apareceu mais. Dizíamos para acordar e ser arrumar para irmos à Casa de Deus e ela nos dizia que estava cansada, a faculdade a tinha exaurido e o trabalho estressado de mais... Queria dormir, pois só tinha os sábados... Nos domingos ela ia para os clubes participar de festas impróprias para uma cristã.

Elizabeth- Aquela vez que ela chegou embriagada?... Você não pôde tolerar mais; e depois que ela recobrou a consciência você repreendeu-a com a disciplina. Disse que doeria em si mais do que nela... Mais nossa filha não compreendeu essas palavras e disse que nos odiava. Nunca mais chegou embriagada em casa, mas não porque parou de beber, mas porque dormia na casa de suas amigas até o efeito do álcool passar!

Eduardo- Tomara que um dia ela caia em si, e o que oro constantemente e peço a misericórdia de Deus para que opere de em seu coração uma comoção e grande reavivamento para que, Débora, volte aos seus braços enquanto há graça.

(Saem abraçados da cena)



Ato Segundo – Cena I

(Em um lugar à parte como se tivesse dentro do lugar que o “The Police” vai apresentar-se, Débora, Raquel, Patrícia, Jim, Bernardo, Danilo e Plínio estão conversando e bebendo. Depois de algum tempo entra Betty com Rafael, seu “ficante” da festa os quais estavam sentadas a mesa em um canto).

Raquel- Gente hoje é o dia em que eu vou ver... (dar uma tragada no cigarro) Gente olha lá no canto? (todos olham para Betty e Rafael) eles estão ficando!...(riem) Quem diria que a certinha da Betty iria vim neste lugar... Ela te criticou tantas vezes (olha para Débora) Não é mesmo?

Débora- ah! Raquel! Chega desse papo furado de religião!... Eu quero esquecer!... Pô! Sempre no mesmo assunto! Lembre-se, eu já não te falei? Que cair na real! Só fui dessa religião por caretice de meus pais. E tem mais problema da Betty, nunca gostei dela... Ela sempre se achou a idealizada e salva. Você também não gosta dela!...Consecutivamente a criticou (todos riem, ela olha para Raquel que faz sim com a cabeça).

Patrícia- isso mesmo Débora! E você (olha brava para Raquel) para de tocar neste assunto de religião... Débora, agora como nunca é uma de nós... Totalmente! Nada será um obstáculo na sua decisão, porque ao contrário de seus pais respeitamos as suas opiniões.

Débora- Ah! Amiga você é de mais. (ambas se abraçam e Débora volta para o seu lugar).

Jim- Nunca tive religião, ainda bem que meus pais sempre tiveram a mente aberta e me influenciaram nas filosofias Marxistas... A religião aliena os povos, e faz com que sejam subjugados pelas classes dominantes e o proletariado só se ferra... A história é verídica ao relatar o que a Igreja Católica fez... Logo se conclui que religião não presta... As barbaridades que o clero dizia aos fiéis: “sofram nesta vida e ganhará os céus, sirva nesta vida e será nos céus servido por Jesus!... (move a cabeça e fita cada rosto) Veja o atraso da Idade Média... Marx não se equivocara! A religião é “o ópio do mundo”, o qual vicia e destrói!

Bernardo- (batendo palmas nas duas primeiras palavras, com certa ironia no tom) Bravo! Bravo! Jim! Sempre filosofando... Me poupa...Esqueça a faculdade um momento...Odeio Marx porque sou capitalista ferino...Mas... realmente religião é aproveitar a vida, acreditar no livro cheio de contos fantásticos?! Ou na avançada ciência? A vida é curta e passageira, amanhar nós poderemos está mortos, sou um epicurista, (riem forte) e que aproveitei dela?...Sou existe essa vida...Não há outra. Tudo acaba e viramos dejetos orgânicos para manter a vida da Terra, continua o ciclo da vida. (dar uma gargalhada)

Plínio- Que porcaria é essa! Vocês só falam em religião, para que vieram nesta festa... Bando de caretas! Vamos relaxar... Curtir e encher cara! Garçons! Faça uma rodada de cerveja! É por minha conta!

Danilo- Demorou cara! Duas! Eu pago mais uma... Vamos beber até cair!...

(Vem Betty, sorrindo, e Rafael, com as mãos dadas, sentam a mesa).

Rafael- E doidos! Como vai! (pega na mão de cada um com um toque jovem), Bebendo muito hein! (pega uma latinha e bebe em um só gole), coisa boa! Pega, Betty toma só um pouquinho... Por favor!

Betty- Não! Rafael!... Você sabe que não bebo! (com a voz desconcertada e melodramática).

Rafael- Anda! Por mim! Para selar nosso amor! (todos falam: “bebe! Bebe!” [Gritando]).

Betty- Você sabe que não posso, já foi adventista... (Ele fica com cara bravo e ela demonstra que não devia ter dito isso) Ah! Desculpe!

Plínio- Outra fanática! De novo não!... Olha se vieram para falar de religião podem vazar daqui! (Os demais menos a Betty e Rafael dizem: “Concordo!”)

Débora- Que eu saiba adventista não vem aqui!...(com a voz ardilosa e falando perto do ouvido dela).

Betty- Você veio! (brava)

Débora- eu não sou mais adventista... (ri malvadamente já alterada pela bebida) Tem mais: se você não beber pode ir embora daqui... (Danilo adiciona uísque na cerveja sem ninguém notar). Aqui está! Beba ou vaza!

Rafael- (Meio bêbado) Oh! Betty! Ou você entra nessa ou terminamos?... Já tá aqui custa se entrosar?

(Betty cede)

Betty- Estou tonta... Ai! (grita) minha cabeça vai explodir! Cai no chão e começa a entrar em convulsão.

Plínio- Ela é epilética! Está em overdose!



(Todos saem de cena atemorizados. Entra um enfermeiro e um colega. Eles vêm em seu auxílio e o enfermeiro faz os primeiros socorros. Ele e o colega tiram-na numa manca)

Cena II

(Plínio, Débora, Patrícia e Danilo e Bernardo entram em um carro e Jim, Raquel, Rafael no outro. Danilo sai do caro)

Danilo- Preciso pegar uns bagulhos com uns cara! É rápido! (Os outros do outro caro saem de cena).

Plínio- Pô! Cara vamos se mandar daqui!

Danilo- Velho! É rápido! Segura as gatas aí! (sai correndo).

(Demais saem de cena. Kemmuel, Rodrigo e Jack vêm encontrar com ele)

Kemmuel- Mano achei que tinha mijado pra traz, sabe que eu não aceito furo! (Bate firme no ombro dele).

Danilo- Velho! Trouxe seu baseado! (Rodrigo e Jack também pegam-no)

Rodrigo- Espero que seja da boa!...(Segurando o dinheiro, como se estivesse com pena de entregá-lo ao Danilo)

Jack- (Eles escondem as drogas) Caras, vamos da no pé daqui! Valeu! Mano!

(todos saem de cena)

Ato Terceiro – Cena I

(Narração do Acidente, o narrador deve mostrar emoção e comoção, fazendo pausas quando necessário, colocar bastante ênfase, etc.)

O carro que estava Jim, Raquel e Rafael sai velozmente, cantando o pneu. Danilo entra no carro e começa fumar maconha, os outros como estavam embriagados, também usam-na...David sentiu um temor, um leve frio na sua espinha, que se arrasta de baixo para cima. Corre até o carro, fita o olhar com tanta dor no rosto de Débora, teme que seja a ultima vez... Estremece ao pensar na terrível hipótese. Eles estão em êxtase entregados às paixões dos seus impuros corações. David se sente impotente. Tenta acordar Débora com recordação, diz na sua consciência para ela sair do caro, que há grande perigo. Ora a Deus, como nunca orou naqueles curtíssimos minutos. Pede ao senhor que permita que ele tome a forma humana ou a proteja com suas asas. Vem o silencio do céu! Aquele mesmo silêncio quando Cristo em agonia pediu que Deus passasse o seu cálice. Anjos maus cercam o carro. David não pode atravessar. Débora, como os outros, está entregue a ilusões... Em uma só súplica David clama ao senhor que pelo menos, preserve a sua vida... Dê mais uma chance a ela!

Danilo passa a macha do carro, ele começa a sair da inércia e entra em movimento... Pouco a pouco a ganhar velocidade, David vê-lo, chorando, virar a última, a sua última, esquina.

Danilo sente sua visão embananar-se, ver o volante crescer e não consegue segurá-lo, a estrada está trêmula, grita num som uníssono. Mas não há ninguém para ouvi-lo. Uma luz vem aparecendo de tempo-e-tempo na estrada e cada segundo aumenta. Uma carreta vem de encontro com o carro. Danilo não a percebe e continua indo reto, contra a sua mão.

Bem distante dali, uma pobre mão acordara instante antes e pensa na filha. Ajoelha-se e ora fervorosamente pela a sua menina... Sente que não é suficiente, precisa de apoio... Levanta-se e acorda o esposo que juntos levam ao altar de Deus uma súplica mútua. Iguais aquelas que tantos levaram pedindo proteção a sua filhinha recém nascida. Pede a Deus para salvá-la...

É permitido que David a proteja, mas com certas limitações... Ele voa o mais rápido possível, teme não ser o suficiente. Entra no carro, uma luz brilha no local, não da carreta... É mais forte do que a luz produzida por homens é a presença de Deus, seres impuros fogem atormentados e amaldiçoam-no, reclamam as vidas dos presentes, dizem que eles não merecem salvação, tinham traçados os seus caminhos e Deus não podia intervir. Mas que presunção! O Senhor é dono do universo e a história e os fenômenos da terra estão em suas mãos...

David olha profundamente, a carreta quase se chocando com o carro, segura Débora em seu colo e a envolve como nunca a envolveu, fecha os olhos e suplica a Deus...

Meia hora depois, bombeiros e enfermeiros socorrem os feridos. Mas não há feridos... Há corpos sem vidas. Não!? Milagrosamente há alguém ainda vivo! Ou pelo menos com batimentos cardíacos... Os profissionais de saúde fazem os primeiros socorros, colocam-na ambulância e ela voa para o hospital, Débora vive, não há graves ferimentos, mas devido ao consumo excedível de Álcool e droga entra em um coma profundo.

Cena II

(Débora está deitada na cama com aparelhos em seu rosto e um enfermeiro ao seu lado. Entra um médico.).

(Seus pais a observam calados [mãe chorando] e abraçados.).

Eduardo- Doutor... O estado dela é grave?...

Elisabeth- Ela viverá?... (chora).

Médico- Considerando minha experiência médica, todos meus pacientes faleceram em menos de um ano. Não tive nenhum que recobrou a consciência... Não sejam muito esperançosos... (Elizabeth chora alto e eles saem de cena) .



Ato Quarto – Cena I

(Alguém fala: “dois meses se passaram e Débora não voltara a si” ou algo parecido. Seus pais visitam-na diariamente, seu irmão (Franklin) e Roberto junto com muitos jovens adventistas oram por ela).

Franklin- Minha irmã como sinto sua saudade, (segura a sua mão), tão jovem e nesse estado deplorável! Estou orando tanto para que você volte à vida e se arrependa de tudo de errado... E comece outra vida.

Roberto- Irmãozinho vamos orar! (todos se ajoelham ao redor da cama. Roberto ora em voz alta, a oração deve ser alta e do próprio ator. Todos saem de cena).

Cena II

(Enfermeira entra no quarto, há gritos de terror de Débora. Ela acalma-a)

Débora- Não!Não!Não! Perdida não! (E levanta subitamente e senta na cama. Fala chorando: “estou perdida!” Muitas vezes).

Enfermeira- calma criança, o pior já passou... Sabia que poucos voltam de um coma?!

Débora- Como?(Sem acreditar e toca-se) estou viva! Não perdida! (toca a enfermeira). Minha cabeça dói e não me lembro de nada...

Enfermeira- Você foi à única que sobreviveu de um terrível acidente...

(Débora chora profundamente, a enfermeira sai de cena. Débora se ajoelha no chão e eleva a Deus uma oração pedindo perdão e agradece-o por tê-la concedido mais uma chance).

Cena III

(Narrador diz: “duas semanas se passaram”. Débora, Elisabeth e Eduardo e Franklin em casa, David anda ao redor observando e depois que todos se ajoelham ele cobre Débora com suas asas).

Débora- Meus Pais! (se ajoelha no chão aos seus pés) Perdoais-me! Desculpe por meus atos imprudentes, por ter feito vocês sofrerem tanto. Quero voltar para Deus é não mais sair de seus braços. Minha consciência pesa! Muitos morreram por causa de meu mau testemunho... Oh! Betty querida! Obriguei tomar a bebida que lhe ceifou a vida...

Eduardo- (Chorando) sempre te perdoaria minha filha! (levanta-a pelas as mãos).

Elisabeth- (Chorando) filha! Eu te amo!... Débora! (Débora abraça-a chorando).

Débora- mamãe!



(todos se abraçam)

Franklin- Vamos orar juntos novamente!...(todos se se ajoelham e o garoto ora agradecendo a Deus pela a vida e oportunidade concedida)



FIM!




Colaborador: Fagner Alfredo Ardisson Cirino Campos