Objetivo do Programa: Mostrar o verdadeiro espírito do Natal.
Personagens: Papai Noel (com os ombros molhados pela chuva), menina de 7 ou 8 anos (mal vestida, descalça e cabeça molhada pela chuva), Narrador.
Cenário: Uma rua. Papai Noel carregando sua bolsa de brinquedos, vazia. Uma caixa para sentar-se.
Introdução:
Chegou o Natal, o rosto de todos os cristãos se enche de felicidade, porque recordam que Jesus nasceu em um humilde presépio possibilitando assim a nossa salvação. Como devemos festejar o Natal? Muitos o fazem enchendo as mesas de manjares deliciosos, outros acrescentam licores, e quase todos recebem um presente. Eu digo “quase” porque há alguns que não tem essa felicidade, e essa é nossa oportunidade de festejamos verdadeiramente o Natal.
Desenvolvimento:
(Uma menina está em cena quando se abre a cortina, e começa a caminhar lentamente com ar triste e sem saber para onde ir)
Narrador:
As vitrines iluminadas, repletas de brinquedos de mil cores, anunciam aos caminhantes que essa noite é noite de Natal, e que amanhã será o dia de Natal. Mas a menina continua sozinha arrastando seus pezinhos sobre a calçada. Um repentino espirro (a menina espirra), o seu corpo desnutrido e mal vestido estremece. Se detém de vez em quando para ver uma boneca que lhe sorri da vitrine (a menina para e olha). A boneca lhe sorri em sua posição imóvel. O sorriso se transforma em broma, e a broma em risada silenciosa detrás do vidro tão frio (a menina continua caminhando).
(Se escuta a música do hino “Noite de Paz”). Noite de paz, noite de amor... se escuta em todas as casas... ou melhor, em quase todas as casas, porque em algumas a mesa está vazia. Não há alimentos saborosos para saborear, nem sorrisos alegres que encham os rincões frios. Há um silêncio que enche tudo, até a mesa limpa e os estômagos com fome. A menina continua caminhando pelas ruas desertas, cheias de vitrines luminosas com brinquedos de sorriso de gelo. E se escutam distantes aqueles doces ecos:
(se escuta novamente a gravação - Noite de Paz). Noite de paz, noite de amor, todos dormem ao redor... E o céu se ilumina ( a menina olha para o Céu) com mil estrelas de cores e fogos de artifícios que saúdam a noite de Natal. As crianças correm pelas salas e os adultos sorriem. Somente os desafortunados ficam em silêncio em uma noite como essa. Se bem que foram os pobres que naquela noite de Natal milenária, sorriam vendo o menino Deus entre panos. Os que eram ricos não estavam presentes naquela ocasião. Estavam somente uns pobres e indoutos pastores e um punhado de animais, dando as boas-vindas ao Salvador. Os ricos estavam fora, em suas festas sem fim. Festejavam... vá saber-se o que. Mas seguramente não era o nascimento do Senhor. Hoje continuam festejando os que são ricos... vá saber-se que coisas nesta noite de Natal. Convidaram a todos os parentes e também os amigos. Mas se esqueceram de convidar a Jesus... sendo que hoje é o Seu aniversário...
A menina continua caminhando, em silêncio, com o seu andar sem rumo. Mas se detém bruscamente (a menina se detém e faz de conta que escuta algo). Escuta outros passos que se arrastam sobre os ladrilhos molhados. Não são passos de um menino, são passos lentos, cansados, pesados. Como se cada passo fosse uma dor ou um lamento acompanhado de chuva desta noite de Natal. Naquele instante se encontram frente a frente, em silêncio (o Papai Noel chega perto da menina). Dois mundos diferentes, mas por sua vez do mesmo mundo; o mundo dos pobres, do mundo dos ignorados.
Menina: O senhor é o Papai Noel?
Papai Noel: Em parte sim, em parte não...
Menina: Não entendo, como é isso? O senhor é ou não é Papai Noel?
Papai Noel: Olha menina, eu trabalho como Papai Noel. Só faço isso nas noites de Natal. E nesta bolsa costumava levar muitos presentes para as crianças...
Menina: Você leva muitos presentes aí? Verdade que guardou um para mim? Eu me comportei muito bem durante todo este ano...
Papai Noel: Você verá... acontece que... já não tenho mais presente porque...
Menina: Sim, eu sei como todos os anos... Nunca me trazem nada... sempre te esqueces de mim.
Papai Noel: Mas filhinha! E que este é o meu trabalho, tu não entendes...
Menina: Sim eu entendo. Entendo que não há presentes para mim. Como sempre...
Papai Noel: Vejo que não me entendes. Vem, senta-te comigo aqui neste lugar (senta sobre uma caixa e a menina sobre a sua perna). Vou te explicar porque não tenho presentes hoje. Eu me chamo Pedro, e todos me chamam de Dom Pedro. Trabalho na fábrica de um homem muito rico. Minha esposa Maria está muito doente na cama. Está doente de tristeza, porque faz muito que morreu nossa filhinha. Eu precisava de dinheiro e o patrão me disse: (faz uma voz grave) “Pedro, se você quer pode vir nesta noite de Natal vestido de Papai Noel à minha casa. Distribuirá os brinquedos para as crianças e eu lhe pagarei por este trabalho...
Menina: Sim, tudo está muito bem, mas, não tem nenhum presente para mim?
Papai Noel: Hummmm... (pensa um pouco) Deixa-me ver.., deixa-me ver... Ah! Eu tenho alguns presentes para ti. Vou te presentear... o canto de todas as rãzinhas que possas escutar nesta noite de chuva. Também serão tua todas as gotas de muitas cores que vês contra as luzes da rua. E... tu serás a dona de todas as poças de água que possas saltar sem molhar os pezinhos descalços.
Menina: Obrigada, Papai Noel! Você é muito bom. Gostei muito de conversar com você...
Papai Noel: Bem, filhinha. Agora vai para a tua casa e conta para a tua mãe quantos presentes te deu hoje o Papai Noel.
Menina: Não posso senhor, eu não tenho mãe, nem pai, nem família... Eu vivo sozinha, já sou grande... Minha casa é qualquer lugar e o meu pátio são os terrenos baldios... Não me lembro se tive alguma vez uma mãe de verdade.
Papai Noel: Filhinha, ninguém te espera em algum lugar? Ninguém se preocupa se chegas tarde ou se nunca chegas?
Menina: Não senhor.
Papai Noel: Não tens parentes? Tios, tias que te levem a viver com eles?
Menina: Não senhor... que eu me lembre sempre vivi sozinha...
Papai Noel: E diga-me. Não tens medo?
Menina: Medo? Medo de que?
Papai Noel: Não sei... medo de que alguém te faça algum mal.
Menina: Não... se me enxotam de um saguão, procuro outro. E se mandam embora desse, busco outro ainda, e assim vou seguindo...
Papai Noel: Quantos gostariam de ter uma filhinha como tu!... Eu tive uma, certa vez, mas uma noite ela morreu...
Menina: E ela era linda?
Papai Noel: Se era linda? Era um raio de sol (sorri recordando) que iluminava o meu lar. Com os seus olhos cor do céu e os cabelos de ouro, era a minha razão de viver, de meus sonhos de minhas lutas... era a dona da minha ilusão. Mas em uma noite muito triste e chuvosa teve uma febre e adormeceu... adormeceu para nunca mais acordar. Ficaram muito sós as suas bonecas, e também a sua pequena cama ficou vazia. Tão vazia como a casa... como a minha vida... como os meus sonhos... tão vazios e em silêncio. Desde então Maria chora e chora sem que nada a console. Os médicos me disseram que está doente de tristeza, e que por causa da tristeza muito gente morre. (fala muito triste)
Menina: Não chore Papai Noel... senão o senhor também vai ficar doente... e quem irá repartir os presentes na próxima noite de Natal.?
Papai Noel: Tens razão... mas... sabes o que estou pensando?
Menina: Não senhor.
Papai Noel: Diga-me menina, queres que este velho Papai Noel te dê um presente? Mas um presente grande e lindo que não poderás esquecer jamais!
Menina:Oh, sim senhor! Dê-me esse presente.
Papai Noel: Escuta bem. Vou dar-te de presente uma mamãe e um papai, uma caminha limpinha com lençóis brancos e um travesseiro bem fofinho. Vou dar-te de presente um lar onde possas aprender a rir e que riam contigo. Será um lugar onde possas chorar e que alguém te pergunte: “O que tens meu amor?” Sim. Será um lugar muito lindo onde as noites frias alguém te cobrirá, e te conte histórias antes de dormir...
Menina: (Entusiasmada e cheia de esperança) Acaso me poder dar tudo isso?
Papai Noel: Sim, claro que te posso dar, e te quero dar agora mesmo, mas tu também vais dar-me um presente, um lindo e inesquecível presente neste chuvosa noite de Natal... |