Orador - I
A saúde é uma bênção de que poucos apreciam o valor. Contudo, dela depende em grande parte a eficiência de nossas forças mentais e físicas. Nossos impulsos e paixões têm sua sede no corpo, e o mesmo deve ser conservado na melhor condição física e sob as melhores influências espirituais, para que façamos o melhor uso de nossos talentos.
Tudo que nos diminui a força física, enfraquece a mente e a torna menos capaz de discernir entre o bem e o mal. Ficamos menos aptos para escolher o bem, e temos menos força de vontade para fazer aquilo que sabemos ser justo.
O mau uso de nossas forças físicas abrevia o período de tempo em que nossa vida pode ser usada para a glória de Deus e nos incapacita para cumprir a obra que Ele nos confiou. Condescendendo com a formação de maus hábitos, recolhendo-nos tarde, satisfazendo o apetite com prejuízo da saúde, pomos os fundamentos da debilidade. Negligenciando os exercícios corporais, fatigando em excesso a mente ou o corpo, desequilibramos o sistema nervoso. Os que assim desconsiderando as leis naturais, encurtam a vida e se desqualificam para a obra, são culpados de roubo para com Deus e também estão roubando a seus semelhantes. A oportunidade de abençoar a outros, que é justamente a obra para cuja execução Deus os enviou ao mundo, foi abreviada por seu próprio procedimento e eles incapacitaram-se para fazer até mesmo aquilo que poderiam ter realizado em espaço de tempo mais breve. O Senhor nos considera culpados quando, por nossos hábitos prejudiciais privamos o mundo do bem.
Transgressão da lei física é transgressão da Lei moral; pois Deus tanto é Autor de uma como da outra. Sua Lei está escrita com Seu próprio dedo em cada nervo, cada músculo e cada faculdade que confiou ao homem. E todo abuso de qualquer parte de nosso organismo é uma infração dessa lei.
Todos devem ter inteligente conhecimento da anatomia humana, para poderem conservar o corpo em condição de executar a obra do Senhor. Cuidadosamente, a vida física deve ser preservada e desenvolvida para que, pela humanidade, possa a natureza divina ser revelada em sua plenitude. A relação entre o organismo físico e a vida espiritual é um dos ramos mais importantes da educação e deve receber cuidadosa atenção no lar e na escola. Todos precisam inteirar-se de sua constituição física e das leis que regem a vida natural. Quem permanece em ignorância voluntária das leis de seu físico, e as viola por ignorância, está pecando contra Deus. Todos devem colocar-se na melhor relação possível com a vida e a saúde. Nossos hábitos devem ser submetidos ao domínio de uma mente que, por sua vez esteja sob a direção de Deus. (Parábolas de Jesus, págs 346-348)
É pecado violar as leis de nosso ser tão verdadeiramente como o é quebrantar os Dez Mandamentos. Num e noutro caso há transgressão às leis de Deus. Os que transgridem a lei de Deus em seu organismo físico estarão inclinados a violar a lei de Deus proferida no Sinai.
Nosso Salvador advertiu Seus discípulos de que precisamente antes de Sua segunda vinda existiria uma situação muito semelhante à que precedeu o dilúvio. O comer e beber seria levado ao excesso, e o mundo se entregaria ao prazer. Esse estado de coisas existe presentemente. O mundo está em grande medida entregue à satisfação do apetite; e a disposição de seguir os costumes do mundo nos tornará cativos de hábitos pervertidos - hábitos que nos farão cada vez mais semelhantes aos condenados habitantes de Sodoma. Tenho-me admirado de que os habitantes da Terra não tenham sido destruídos como o povo de Sodoma e Gomorra. Vejo razão suficiente para o presente estado de degeneração e mortalidade no mundo. Cegas paixões controlam a razão, e toda consideração superior é em muitos casos sacrificada à sensualidade.
Manter o corpo em condições saudáveis, a fim de que todas as partes da maquinaria viva possam agir harmoniosamente, tal deve ser a preocupação de nossa vida. Os filhos de Deus não podem glorificá-Lo com o corpo enfermo ou a mente enfraquecida. Os que condescendem com qualquer espécie de intemperança, seja no comer, seja no beber, desgastam suas energias físicas e debilitam as faculdades morais. Christian Temperance and Bible Hygiene, pág. 53. (Conselhos Sobre Regime Alimentar, págs 17, 18)
Orador - II
A proviedência de Deus tem afastado Seu povo dos hábitos extravagantes do mundo e da indulgência do apetite e paixão, para tomar sua posição na plataforma da abnegação e temperança em todas as coisas. O povo que Deus está guiando será peculiar. Eles não serão como o mundo. Se seguirem as orientações de Deus, realizarão Seus propósitos, e renderão sua vontade à vontade dEle. Cristo habitará no coração. O templo de Deus será santo. Seu corpo, diz o apóstolo, é o templo do Espírito Santo. Deus não exige que Seus filhos neguem a si mesmos para prejuízo da força física. O caminho da natureza é a estrada que Ele determina, e ela é ampla o suficiente para qualquer cristão. Com mão generosa Deus nos proveu com ricas e variadas dádivas para nosso sustento e prazer. Mas para que apreciemos o apetite natural, que preservará a saúde e prolingará a vida, Ele restringe o apetite. O Senhor diz, "Cuidado! Contenha, negue, o apetite antinatural. Se desenvolvemos um apetite pervertido, violamos as leis de nosso ser e assumimos a responsabilidade por abusar de nosso corpo e trazer doenças sobre nós mesmos.
Deus proveu generosamente para o sustento e felicidade de todas as Suas criaturas. Se Suas leis nunca fossem violadas, se todos agissem em harmonia com a vontade divina, saúde, paz, e felicidade, em vez de miséria e constante mal, seriam o resultado (Christian Temperance and Bible Hygiene, pags 150, 151).
Lamento dizer que existe uma estranha ausência de princípio que caracteriza os professos cristãos desta geração quanto a sua saúde. Cristãos, mais que todos os outros, devem estar atentos a este assunto importante, e devem se tornar habilitados em relação a seu próprio organismo. Diz o salmista, "Graças Te dou, visto que por modo assombrosamente maravilhoso me formaste" (Sl 139:14). Se quisermos ser capazes de compreender as verdades da Palavra de Deus, e o objetivo e propósito de nossa existência, precisamos conhecer a nós mesmos, e entender como nos relacionarmos corretamente com a vida e a saúde.
Um corpo doente produz um cérebro desordenado e dificulta o trabalho da santificadora graça na mente e coração. O apóstolo diz, "com a mente, sou escravo da Lei de Deus" (Rm 7:25). Se então seguimos um curso de transgressão que debilita ou confunde nossas capacidades mentais, de forma que nossas percepções não estejam claras para discernir o valor da verdade, estamos lutando contra nosso interesse eterno. Orgulho, vaidade, e idolatria escraviza, os pensamentos e afeições, e entorpecem os melhores sentimentos do ser. Estes resistem à santificadora graça de Deus. Muitos não compreendem sua responsabilidade como pais. Um senso de sua responsabilidade moral não é notado na existência e educação de seus filhos que são os objetos mais preciosos de suas afeições (Review and Herald, 12 de setembro de 1871).
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