UM PACOTE DE BONDADE
- Turma, amanhã quero que todos tragam um pouco de
macarrão para nosso trabalho de artesanato. Agora
podem ir e aproveitem bem o dia!
Estas palavras de minha professora da segunda série ao
final do dia ecoaram em minha mente por toda a noite.
Eu temia pelo dia seguinte porque eu sabia que não
teríamos macarrão em casa. Vivendo em um ambiente
alcoólico nós nunca tínhamos muita coisa em nossa casa
exceto frascos de cerveja.
Eu marchei para casa após a escola com minha mente
trabalhando em hora extra. Onde eu encontraria
macarrão? Eu sabia que um depósito de bebidas na
cidade pagava vinte centavos por caixa de frascos de
cerveja, então decidi coletar alguns frascos e talvez
eu pudesse comprar o macarrão.
Quando chequei em casa, comecei a recolher as garrafas
e em pouco tempo eu tinha uma boa pilha em meu
reboque. Corri ao depósito levando meu irmão mais
novo. Nós tínhamos uma missão e ninguém iria nos
parar.
Quando chegamos ao depósito, contaram nossas garrafas
e me deram oitenta centavos. Me senti muito rico e
enquanto voltávamos, Able saltitava pedindo para ver o
dinheiro. Eu mostrei diversas vezes e depois lhe pedi
para sentar no reboque para que eu pudesse puxá-lo.
Verdade seja dita, eu queria apenas curtir e sentir
aquelas moedas em meu bolso e eu não me importava com
o preço para esta pequena liberdade.
Quando chegamos ao supermercado sentimos um delicioso
cheiro de pão fresco vindo dos fundos. Able me olhou e
eu já sabia que estaria indo à escola no dia seguinte
sem o macarrão.
Compramos dois pães e dois sonhos. Quando chegamos em
casa havia a habitual festa então fomos para nosso
quarto e comemos nossos pães e sonhos.
No dia seguinte, se aproximando a hora da aula,
comecei a pensar outra vez sobre o macarrão. Eu estava
angustiado quando a professora perguntou porque eu não
tinha levado o macarrão.
- Você não escutou quando pedi que todos trouxessem
macarrão, John? Perguntou brava.
Mortificado, eu não sabia o que dizer enquanto as
outras crianças começavam a rir. Então a pequena
Rosalyn que sentava-se ao meu lado virou-se para mim e
disse,
- Tome, pode usar este. Eu trouxe o suficiente para
nós dois.
O jeito suave como disse e a bondade estampada nos
olhos dela me fizeram chorar.
Sempre me lembro de Rosalyn e da maneira como me
salvou naquele dia. Graças à lição dela, passei minha
vida tentando manter os tijolos da raiva e da dor e o
muro da rejeição presos dentro de mim. E procurei
manter solta uma pessoa boa como Rosalyn e procurei me
cercar de pessoas como ela.
Eu sei como aquilo mudou minha vida.
Hoje, minha própria filha está com oito anos e tive a
oportunidade de levá-la à escola com seu próprio
pacote de macarrão. E mais uma vez me lembrei de
Rosalyn e do presente que me deu e faço uma silenciosa
oração agradecendo por todas as pessoas como ela que
fazem deste mundo um lugar melhor para se viver.
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