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Reflexão : No Fim

Um velho fazendeiro tinha uma interessante maneira de

visualizar os acontecimentos ao seu redor. Ele nunca emitia seu parecer sobre algum fato. Em seu modo de pensar, somente no "fim" saberemos se algo foi realmente bom ou ruim. Até lá tudo é pressa e especulação.

Certo dia alguém chegou com uma triste notícia:

— Senhor, seu melhor cavalo fugiu nesta madrugada. A porta da cocheira estava aberta e ele escapou. Sinto muito dar-lhe a notícia ruim.

velho respondeu:

— Limite-se a dizer que o cavalo fugiu da cocheira. Quanto a ser isto algo bom ou ruim, não sei, só no fim descobriremos.

Alguns dias mais tarde, para surpresa de todos, o cavalo

fujão retornou à fazenda, trazendo consigo uma dúzia de cavalos e éguas selvagens.

Novamente o capataz comentou:

— É, patrão, o senhor estava certo, o que parecia desgraça

tornou-se uma bênção. Realmente podemos dizer que foi muito bom o cavalo ter escapado naquela noite

— Eu não disse que foi bom — corrigiu o fazendeiro.

— Eu apenas afirmei que se foi bom ou ruim só no fim saberemos.

Mas, como aquilo não seria bom? Ele agora tinha doze novos

cavalos para o seu haras!

O velho fazendeiro tinha um único filho e este começou a

treinar os cavalos selvagens. Uma semana depois, o jovem cai de um cavalo e fratura ambas as pernas. Mais uma vez, o capataz admite sua falha de interpretação:

— O senhor tinha razão. Foi péssimo o aparecimento dos

cavalos, pois se eles não estivessem aqui seu filho estaria bem.

Disse o velho:

— Você ainda continua precipitado em seu julgamento. Se o

acidente foi bom ou ruim, no fim saberemos.

Ora, era estranho ouvir um pai dizendo isso, tendo seu filho

acamado e impossibilitado de andar durante meses. Parecia lógico afirmar que aquilo era ruim. Porém, dois dias depois do acidente, um oficial do exército chega ao lugarejo com um documento convocando todos os jovens para a guerra. Menos, é claro, o filho único do fazendeiro que, devido à queda, estaria preso por rum bom tempo a uma cadeira de rodas.

Para não perder o costume, lá foi o capataz com sua idéia

sobre o que havia ocorrido:

— Patrão, eu admito que errei em considerar o acidente algo

ruim. Mas, agora que tem o seu filho livre do campo de batalha, o senhor deve admitir que isso foi uma bênção, não foi?

— Não, meu amigo — respondeu o fazendeiro. — Só no

fim saberemos.

— Mas quando virá esse "fim"? — impacientou-se o capataz.

— Não sei — respondeu o velho. — Só no fim saberemos.

Moral da história: não sejamos apressados em emitir

julgamentos sobre as coisas que acontecem. Algumas pessoas são especialistas em desanimar diante das primeiras dificuldades que enfrentam. Elas param de tentar quando a vida lhes tenta. São apressadas em julgar e tiram conclusões precipitadas, geralmente de cunho pessimista.

Colaborador: Leonardo Gois